Dos diversos produtos extraídos da natureza, encontramos as substâncias químicas. Podemos considerar que, desde os primórdios civilizatórios, essas substâncias são retiradas e utilizadas para os mais diversos fins. Esta utilização, ao longo do tempo e principalmente pelo advento da industrialização, registra-se um aumento considerado significativo, ao mesmo temo que se dá o início, de forma importante, a produção de substâncias sintéticas. O que nos faz entender que essa evolução, que nos trouxe avanços importantes e decisivo, tem sua contribuição direta também em impactos marcantes no ambiente e na saúde das populações em razão da poluição e da contaminação decorrentes dos seus diversificados processos produtivos.
Reconhecemos que a indústria química está entre os maiores segmentos produtivo no setor industrial e emprega milhões de pessoas em todo planeta, produzindo uma grande variedade de substâncias e produtos, desde substâncias químicas básicas para produção de pesticidas, solventes, aditivos, produtos farmacêuticos, matérias-primas ou produtos acabados que participam nas mais diversas etapas dos processos produtivos de praticamente todas as cadeias produtivas existentes.
Diante do cenário químico industrial apresentado, encontramos e podemos destacar uma substância de grande relevância que é o Benzeno. Tecnicamente podemos defini-lo como “Um hidrocarboneto que se apresenta como um liquido incolor, lipossolúvel, volátil, inflamável, de odor característico perceptível a concentração da ordem de 12ppm, cuja fórmula molecular é C6H6” (Haley, 1977). O benzeno é amplamente utilizado em diversos processos produtivos, como exploração de petróleo e na indústria petroquímica, além se ser subproduto de várias indústrias químicas. Preliminarmente é necessário entender que, o benzeno adentra profundamente o setor de produção industrial, de forma que, atuar globalmente sobre este produto significa interferir na organização do processo produtivo com repercussão na economia nacional (Benzeno: Subsídios Técnicos à Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, 1993).
Desde 1982, o benzeno é reconhecido como uma substancia cancerígena pela Agencia Internacional de Pesquisa sobre o Câncer – IARC da Organização Mundial da Saúde – OMS (Corrêa, Maria Juliana M.; Santana, Vilma S., 2016).
Segundo estudos de Costa e Goldbaum, a experiencia brasileira quanto a exposição ao benzeno, podemos dividir em quatro períodos. No primeiro período, de 1930 a 1960 é marcado pelo surgimento das primeiras iniciativas de controle da exposição ao benzeno, com legislação restritiva à exposição, proibindo as atividades perigosas e insalubres para mulheres, incluindo aquelas que envolve o benzeno. O segundo período, de 1960 a 1980, estudos demonstram a gravidade da exposição dos trabalhadores ao benzeno e alertam sobre o perigo no seu uso industrial e doméstico, foi nesse mesmo período que se tem a identificação dos primeiros casos de aplasia medular. O terceiro período, de 1980 a 1990, foi priorizado a exposição ocupacional nas industrias siderúrgicas, petroquímicas e químicas, mas é desconhecido registros de estudo nacional de acompanhamento clinico e epidemiológico desses trabalhadores. O quarto período inicia em 1994, com o reconhecimento do benzeno como substância cancerígena pelo Ministério do Trabalho, tendo como resultado a pactuação conhecida como Acordo do Benzeno. Após a década de 1990, persistiu um período de ausência de registros sobre a situação de saúde dos trabalhadores expostos que foi denominado de “silêncio epidemiológico do benzenismo”. (Corrêa, Maria Juliana M.; Larentis, Ariane L., 2017)
Engo. Wilson Borges
CEO da PWB Engenharia; Engenheiro Ambiental e Tec. de Segurança do Trabalho
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