Falar sobre sustentabilidade sempre será um grande desafio, pois em termos práticos é comum nos depararmos com o que o escritor Leonardo Boff chama de Greewash “Pintar de Verde” para iludir os consumidores, ou seja, é certo nos depararmos com um carga muito densa de conceitos de “Sustentabilidade” com apenas uma intenção, garantir o lado oculto do assunto que é a avassaladora agressão ao meio ambiente, contaminação química de alimentos, etc. Tudo isso camuflado com uma boa dose de marketing comercial que protege nossos olhos da visão triste da degradação ambiental.
Sustentabilidade tem sua raiz na palavra latina “sustentare” que possui o mesmo sentido do nosso português que é sustentar; ainda em uma breve consulta ao bom e velho dicionário Aurélio,encontramos o conceito de equilibrar-se;manter-se; conservar-se sempre bem.Apesar do termo ganhar dimensão global no século XX na década de 70, com as reuniões da ONU, existem alguns registros históricos de que na Alemanha,no ano de 1560, já havia referência à preocupação do uso de maneira racional das florestas, de forma que pudesse se regenerar e se manter permanentemente, surgindo assim a palavra “Nachhaltigkeit” que significa “Sustentabilidade”, considerando que só em 1713 na mesma Alemanha foi que a referida palavra ganhou um conceito estratégico.Em 1972 aconteceu em Estocolmo a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, tendo como resultado importante a decisão da criação do PNUMA-Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Em 1984, nasce a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e em 1987 a culminação do trabalho dessa equipe foi demonstrada através do relatório que recebe o nome de RelatórioBrundland, onde é citada assim a expressão “Desenvolvimento Sustentável” dando origem a definição clássica “aquele que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas necessidades e aspirações”Por consequência do mesmo relatório, acontece em 1992 no Brasil ,na cidade do Rio de Janeiro, a ECO 92, também conhecida como a Cúpula da Terra, onde foram produzidos vários documentos,entre eles o mais famoso chamado de Agenda 21: Programa de Ação Global.Tempos depois, no ano de 2012,ocorreu, também no Rio de Janeiro, a conferência intitulada de Rio+20que teve sua temática centrada em economia verde, governança global e sustentabilidade.
Diante da rápida abordagem histórica apresentada, entendemosque a sustentabilidade é uma estrutura fundamentada em processos e ações que têm como objetivoa manutenção da integridade e utilidade do nosso planeta, buscando a preservação de todos os seus ecossistemas, bem como seus elementos físicos, químicos e ecológicos, o que está diretamente ligado a existência e reprodução da vida.Sendo conhecedores de tal realidade conceitual, podemos enxergar claramente, que a corrida desenfreada pelo lucro, a lógica produtivista e mercantil da civilização capitalista/industrial nos aponta para um desastre ecológico de proporções incalculáveis e se queremos ter futuro devemos aceitar necessárias transformações substanciais, pois a sustentabilidade não é uma ocorrência mecânica e cíclica,mas uma consequência, segundo Leonardo Boff, de um processo educacional que conduz o homem a redefinição de sua relação com o universo, com a terra, com a natureza, com a sociedade e consigo mesmo, entendendo assim, que a sustentabilidade obedece uma racionalidade responsável pelo uso solidário dos recursos escassos. Como diria Paulo Freire,a educação não muda o mundo, mas muda as pessoas que vão mudar o mundo.
Nos últimos anos os debates sobre sustentabilidade têm sido reduzidos a temas isolados como mudanças climáticas, água e os objetivos de desenvolvimento sustentável, deixando outros temas fora dasdiscussões e um dos assuntos abandonados foi a sustentabilidade na sua essência. É preciso relembrar que sustentabilidade não é um nicho, um item na pauta da humanidade; é um caminho fundamental para a gestão pública, das empresas, das organizações sociais e das pessoas.A implantação de políticas públicas e sociais que tragam a sustentabilidade como centro das discursões com certeza apontará caminhos mais seguros para a superação de crises sejam elas de curto ou mesmo longo prazo.
Eng. Wilson Borges
Engenheiro Ambiental (Famec-BA); Engenheiro de Petróleo (F.T. Área 1); Técnico em Segurança do Trabalho (EEEMBA); Membro da Associação de Engenharia Ambiental de Sergipe.
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