Não posso começar a falar de treinamento sem citar algumas premissas que considero fundamentais para o real sucesso de qualquer treinamento e em paralelo o sucesso da organização (empresa), conforme Chiavenato todo modelo de educação, formação, capacitação, desenvolvimento ou treinamento deve assegurar ao ser humano a oportunidade de ser aquilo que ele pode ser a partir de suas potencialidades, sejam inatas ou adquiridas.
Quando falamos de desenvolvimento de uma estrutura organizacional, estamos falando de três estratos de suma importância para a organização e que todos eles estão conectados em busca do sucesso e assertividade de um negócio especifico. Os três estratos que me refiro aqui são:
- Treinamento;
- Desenvolvimento de Pessoas;
- Desenvolvimento Organizacional.
Posso ainda categorizar esses estratos em “Menor” e “Amplo”, sendo o estrato menor o treinamento e desenvolvimento de pessoal que trata de aprendizagem no nível individual e como as pessoas aprendem a se desenvolver, já o desenvolvimento organizacional tem sua amplitude e abrangência evidenciada no que se refere como as organizações aprendem e se desenvolvem pela mudança e inovação. O capital humano das organizações é composto por pessoas, desde o mais simples operário aos seus principais executivos, ou seja, é uma questão vital para o sucesso do negocio e também principal diferencial competitivo das empresas bem sucedida, e para uma empresa ser bem sucedida é necessário ter pessoas talentosas, espertas, ágeis, empreendedoras e dispostas a correrem riscos.
Considerando então essa perspectiva, quero abordar nesse artigo, quatro pontos que considero fundamentais para que o treinamento da sua Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA tenha total sucesso e consequentemente seja desenvolvida uma cultura preventiva forte, evidenciada pela capacidade de análise crítica da comissão em vigência.
- TREINAMENTO ENLATADO: Essa é uma expressão muito engraçada que ouvir do Eng. Mario Sobral, mas que considero um ponto de grande importância e representatividade. Segundo o Eng. Mario Sobral, treinamento enlatado é aquele em que um profissional de fora da empresa é contratado para treinar a comissão, mas, com certeza não conseguirá passar com profunda experiência, os riscos específicos que a CIPA precisa realmente conhecer. Nesse ponto não estou dizendo que os treinamentos externos tenham características incompetente, mas é importante considerar que os profissionais de segurança da própria empresa têm maior relação e vivência com os riscos reais e característicos do cenário operacional, são conhecedores das características comportamentais das rotinas operacionais da empresa. Mesmo que o profissional externo de treinamento tenha feito uma visita antecipada para reconhecimento do cenário operacional e tenha conversado com alguns dos profissionais da empresa, com intenção de personalizar seu treinamento, nunca será a mesma coisa que um profissional de segurança da própria empresa.
- OBJETIVO DA CIPA: A comissão que está sendo treinada para assumir a gestão, precisa ter clareza de qual é o real objetivo da CIPA, e esse objetivo é tratar da saúde e segurança dos trabalhadores, parece ser óbvio, não é? Mas é muito comum encontrar comissões totalmente desconectadas do objetivo principal, ou seja, em suas reuniões discutem assuntos que não são pertinentes ou mesmo que não tenham condições de resolução, sendo assim é necessário entender que precisamos direcionar quais assuntos são pertinentes a CIPA e isso tem obrigatoriamente de acontecer no treinamento.
- CIPA REALMENTE PRODUTIVA: O gerenciamento eficiente da CIPA. Essa orientação é um dos fundamentos da produtividade da comissão, é necessário que a CIPA tenha bem definido e com bastante clareza como desenvolver os planos de ações, os cronogramas e planejamentos, estrutura de reuniões, conhecimento da metodologia de investigação e análise de acidente e doença do trabalho, conhecimento especifico de legislação trabalhista e previdenciária relativa a segurança e saúde no trabalho, princípios gerais de higiene ocupacional e as medidas de controle de riscos aplicáveis na sua empresa, segundo o Eng. Mario Sobral, tem que desenvolver no “Cipeiro” características de gestor, pois irá ajudar muito mais do que um monte de profissionais que só tem o conhecimento conceitual de segurança do trabalho.
- CIPA TAMBÉM É BOA NOTÍCIA: A comissão não é formada para ser uma equipe de profissionais que só apontam problemas, mas uma equipe que também apresentem boas ideias de soluções e boas referências de coisas que estão sendo praticadas dentro da própria empresa, não podemos correr o risco de criarmos um grupo polarizado que não tem intenção de ajudar e oferecer condições de melhorias para a empresa e os trabalhadores.
Podemos então concluir que para que ocorra um desenvolvimento eficiente de uma cultura de segurança, seja ela ocupacional ou de processo, a CIPA é um organismo vivo e quando bem gerenciada tem sua real influência e contribuição no êxito de qualquer organização, mas todas essas características citadas são alcançadas com o comprometimento da alta liderança e também com o aprofundamento e capacidade técnica da equipe de segurança do trabalho, que deve buscar o pleno entendimento do negócio fim da organização (empresa) e toda sua estruturação técnica de funcionamento, bem como a observação e domínio da formatação operacional da organização.
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