A indústria de petróleo é um local em que a engenharia é quase vista como uma obra de arte, mas ao mesmo tempo que enxergamos tamanha beleza é importante não desconsiderar o nível de risco de acidentes existente nesse tipo de ambiente. No cenário produtivo de petróleo não existe espaço para deixarmos a nossa atenção um pouco de lado, mas é um lugar onde nossa percepção de risco tem que ser e está ampliada e aguçada sempre.

Quando falamos de sistema produtivo de petróleo é claro que somos remetidos imediatamente aos métodos de elevação aplicados. Um dos métodos mais populares, até mesmo para os de menor conhecimento do assunto, é o método de elevação artificial Bombeio Mecânico – B.M, também chamado por muitos de “Cavalo Mecânico”. Historicamente, foi o primeiro método de elevação artificial que surgiu logo após o nascimento da indústria petrolífera. Sua importância é refletida pelo número de instalações existentes, correspondendo a aproximadamente  80% dos poços mundiais.

Figura 01: Bombeio Mecânico

FONTE: petrobras.com.br

Neste método de elevação artificial o movimento rotativo de um motor elétrico ou de combustão interna é transformado em movimento alternativo por uma unidade de bombeio localizada próximo à cabeça do poço. Uma coluna de haste transmite o movimento alternativo para o fundo do poço, acionando uma bomba que eleva os fluidos produzidos pelo reservatório para a superfície. Mas para falarmos dos aspectos que envolve os riscos de acidente é importante conhecermos os seus principais componentes, os quais são representados na figura abaixo:

FIGURA 02: Esquema simplificado de um sistema de bombeio mecanico com hastes

FONTE: Thomas 2004

PRINCIPAIS FONTES DE PERIGO EM UM SISTEMA DE BOMBEIO MECÂNICO COM HASTES:

CONTRAPESO E MANIVELA: Componentes do sistema que possuem um movimento giratório constante, formados por peças de grandes dimensões e com peso elevado, oferecendo assim grande risco de acidentes por pancadas, esmagamentos e até mesmo morte de quem se aproxima do conjunto. Exemplo da referida situação foi noticiada pelo site do G1 no estado do Rio Grande do Norte:

CONDIÇÃO DE SEGURANÇA: O sistema deve estar cercado por grades de ferro, limitando a distância de aproximação; toda e qualquer manutenção deverá ser realizada com o sistema desligado e com pontos de acionamento totalmente bloqueados e etiquetados.

CORREIAS: As correias são utilizadas em conjunto com um motor elétrico gerando um movimento rotativo que tem por consequência a produção do movimento alternativo da coluna de hastes, as correias são tipicamente construída a partir de  borracha sintética, frequentemente de Neoprene, que aumenta a sua resistência ao óleo, calor e ozônio, também são revestidas de um tecido de algodão ou de náilon impregnado com borracha. O movimento giratório das correias somado ao seu local de aplicação oferece riscos de aprisionamento de membros dos profissionais que precisam ter contato direto para ajustes e substituições das mesmas, elas também podem romper e atingir quem esteja próximo, ocasionando sérios ferimentos.

CONDIÇÃO DE SEGURANÇA: O sistema deve trabalhar dentro de uma carcaça metálica protetora, em caso de rompimento a mesma ficará acondicionada e não será lançada para fora; toda e qualquer manutenção deverá ser realizada com o sistema desligado e com pontos de acionamento totalmente bloqueados e etiquetados. Profissionais, normalmente responsáveis por manutenção, que precisam estar próximos a esses equipamentos devem evitar deixar extremidades de suas fardas soltas, exemplo, abotoaduras das mangas da farda abertas; uso de cabelos longos solto e também uso de adornos são outros pontos de riscos.

MOTOR ELÉTRICO: Dispositivo que transforma a energia elétrica em energia mecânica. No sistema de Bombeio Mecânico-BM é um equipamento que fica posicionado de forma exposta e com acesso facilitado, o risco mais evidente é proveniente o ruído produzido (em algumas regiões que não dispõe de energia elétrica é usado motor a combustão, o que proporciona com certeza maior ruído), em seu eixo rotativo tem-se um ponto de possível aprisionamento e esmagamento de membros; choques elétricos também podem ocorrer em sua caixa receptora de energia.

FONTE: Foto do autor

CONDIÇÃO DE SEGURANÇA: Caixa de recepção de energia e canal condutor de fiação devem ser isolados, eixo rotativo deve sofrer verificação/inspeção constantemente, pois o mesmo tem operacionalidade 24h. Importante observar que próximo ao motor elétrico sempre está instalado a alavanca de freio geral do sistema de bombeio mecânico.

CABEÇA DE UB E CABRESTO: Localizada na extremidade do balancim (conforme figura 02) que suporta a carga a coluna de haste por meio de dois cabos de aço (cabresto) e uma barra carreadora. Esse conjunto devido ao peso suportado e também o seu movimento, oferece um grande risco de rompimento do cabo de aço ou desprendimento da barra carreadora, que podem atingir e gerar consequências fatais para os profissionais que executem, próximo ao conjunto, algum tipo de atividade operacional.

CONDIÇÃO DE SEGURANÇA: As operações executadas em seu entorno devem ocorrer com o sistema de bombeio mecânico desligado.

Outros pontos de perigos são identificados no sistema de bombeio mecânico e em seu entrono, alguns deles são potencializados devido a dinâmica desenvolvida mediante ao seu funcionamento, estrutura e condições ambientais. Podemos então citar situações como linhas de aço altamente pressurizadas devido seu fluxo produtivo, essa mesma pressão pode sofrer alteração para maior ou menor na região da superfície (linha de produção) conforme a condição climática apresentada e/ou também por aplicação de substâncias químicas especificas no poço produtor (petróleo bruto pode ganhar uma consistência mais ou menos pastosa, o que proporciona menor ou maior fluxo do petróleo e consequentemente aumento ou diminuição da pressão de produção), outro perigo existente nos ambientes onde estão instalados os BM´s são os animais peçonhentos, normalmente essas estruturas estão instaladas em locais com vasta vegetação e com movimentação e presença humana reduzida, o que proporciona um excelente local para abrigo desses animais; outra situação não menos importante, é a própria estrutura física do BM, por ser metálica e se encontrar totalmente exposta a intempéries, apresentam muitos pontos que sofrem reações químicas o que a fragiliza, aparecendo assim pontos de corrosão e que muitos profissionais podem sofrerem acidentes mecânicos, como cortes e arranhões, o que nos levam a uma prova cabal da necessidade de uso de EPI´s específicos de maneira constante para lidar com esse tipo de sistema.